sexta-feira, novembro 24, 2006

Daquela janela

Havia me esquecido o quanto é bonito o por do sol visto daquela janela...
Muito anterior a nós.
Muito anterior a seus medos...
Janela de madeira.
Venesianas.
Desenhos de luz na parede.
Olhinhos curiosos espiando pelas gretas de rua.
Vendo sem querer ser vista.
Também se abria em seis partes!
As pernas pra fora.
Pés descalços balançando.
Dedinhos vasculhando cada fresta à procura dos besouros coloridos.
Verdes, rosas, até dourados tinha.
Caixas de fósforos para servir de casa.
Vento.
Cheiro de chuva.
Parece que o dia não quer ir embora...
Vai chorando enquanto a noite chega.
Fecha a janela.
Ela também parece chorar junto.
Várias gotas percorrem os vidros.
De nariz colado a menina insiste.
Quer ver o restinho do dia escorrendo lá longe.