terça-feira, novembro 07, 2006

Nesta tarde, em frente à janela do quarto, num fio de luz, um pardal estava parado na maior displicência da graça.
Olhando não sei pra onde...
Tentando não sei o que...
Talvez estivesse cansado.
Quem sabe só esperasse o sono.
Sono que logo chegaria com a noite que começava a escorrer.
Parecia tão feliz o bichinho!
Não que cantasse sem parar!
Pelo contrário.
Trazia um silêncio...
Trazia uma calma...
Temos mania de achar que felicidade é ruído, movimento, companhia, pulsação.
Parece que precisamos do burburinho.
Precisamos desviar a atenção do "nosso" silêncio...
Aquele silêncio, que deixa ouvir o eco do pensamento profundo.
É importante deixar o mundo de vez em quando!
Vou me assentar num lugar distante, longe do pisar da matéria...
Distante nada!
Não há lugar mais próximo!
Difícil de alcançar às vezes, é verdade.
Trago sempre ele comigo...
Mesmo quando esqueço de visitá-lo, deixo passar muito tempo, ele não deixa de existir.
Resolvi caminhar de novo por lá.
Tirei teias de aranha.
Limpei fuligem de antigas dores.
Varri desentendimentos.
Arranquei alguns matos que não me deixavam andar direito.
Andei...
Andei por lá sem pressa.
Sem hora marcada.
Ficou tão longe o barulho do mundo!
Busquei aquela pedra do silêncio onde antes costumava me assentar.
O pensamento não era mais isolado.
Esbarrava em muitos outros pensamentos...
Chorei.
Chorei um novo despertar.



1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Que bom que voltou! Mas não fique só nesse mundo silencioso.
Abraço

1:38 PM, novembro 08, 2006  

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