quinta-feira, setembro 07, 2006


Noites frias.
Nem parecem noites de setembro.
Alguma coisa de junho, de junino.
O sobrinho quer pipoca.
A irmã pede canjica.
Parece que esta sensação não é só minha...
Vou pra cozinha saciar desejos, deles e meus.
Leite, açúcar, amendoim torrado, côco, leite de côco...
A panela vai recebendo, o fogo vai cozinhando.
O cheiro cresce, lento e constante.
Invade cada cômodo da casa.
Nos invade.
Tão bom este se sentir invadida, tomada, tida!
Queria festa junina.
São João, São Pedro, Santo Antônio
De cabeça pra baixo enquanto a moça não consegue o marido.
Pau de sebo, pescaria, barraca de beijo
Primeiro beijo do garoto de sardas, olhinhos de noite, que espiava tímido a menina de fita no cabelo.
Argola, tiro ao alvo, correio elegante
O coração adolescente dispara. Trás nele aquele amor que ainda não sabe usar. Parece que arranha.
Pé de moleque, cocada, maçã do amor, pipoca, algodão doce
Pedacinhos de nuvens, leves, brancas e coloridas, pra comer com a mão e lamber os dedos.
Fogueira!
Fogueira não pode faltar!
Sempre tive um certo fascínio pelo fogo.
Solene, divino, transformador.
Labaredas dançando, estranhas visões ardentes...
E bandeirolas?
Bandeirolas de papel.
Bandeirolas leves e coloridas, distribuídas em longos barbantes, recebendo beijos de vento...
Festa.
Lua cheia no céu.
Bolacha maria.
Manto escuro com estrelinhas bordadas, pedacinhos de espelhos.
Tão distantes!
Não consigo me enxergar neles.
Olho, procuro.
A imagem perdida...
Perdida não.
Está lá.
Sei que está.

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Queria que você fosse a minha menina de fita no cabelo...

1:00 AM, dezembro 20, 2006  

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